A supervisão é um dos pilares da formação psicanalítica e permanece fundamental ao longo da prática do analista. Mais do que um espaço de correção, ela se constitui como um dispositivo de transmissão, onde clínica, teoria e ética se entrelaçam.
A função do supervisor
O supervisor não ocupa o lugar de mestre que detém respostas. Sua função é sustentar um não saber que devolve ao supervisionando a responsabilidade pelo caso.
Ao falar de seu trabalho, o analista em supervisão não transmite apenas dados, mas também:
- a forma como foi afetado,
- os impasses que surgiram,
- e o modo como se posicionou diante do analisando.
Assim, a supervisão não entrega soluções prontas, mas possibilita elaboração e deslocamentos.
Modelos de supervisão e a perspectiva de Lacan
Ao longo do tempo, a supervisão assumiu diferentes modelos. Em Lacan, ela ganha estatuto ético, recolocando a transmissão não como ensino de técnicas, mas como experiência atravessada pela transferência e pela responsabilidade do analista.
Nesse espaço, tanto supervisor quanto supervisionando se veem convocados pelo não saber, o que abre espaço para a interrogação e para a criação.
Supervisão como experiência de perguntas
A supervisão, portanto, não se funda em verdades definitivas, mas em uma escuta que acolhe perguntas. Mais do que respostas, ela oferece deslocamentos, possibilitando ao analista construir seu modo singular de escuta e manejo.
Se a análise é o caminho do analisante, a supervisão é o caminho do analista: um lugar ético e exigente, que mantém viva a transmissão da psicanálise e sustenta a singularidade de cada prática clínica.
Para aprofundar o tema
Para quem quiser se aprofundar no tema, sugiro as seguintes leituras:
- Christian Dunker, Heloisa Ramirez e Tatiana Assadi (organizadores) – A construção de casos clínicos em psicanálise
- Rômulo Ferreira da Silva – A supervisão (controle) na formação do psicanalista
- Emília Estivalet Broide – A supervisão como interrogante da práxis analítica
Convite
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