O peso do resultado sobre o sentido
Vivemos em um tempo em que a palavra “resultado” parece ter mais valor do que a palavra “sentido”.
A exigência de performance atravessa o cotidiano e se infiltra nas relações, no trabalho e até na forma como alguém se percebe.
É como se houvesse uma voz silenciosa dizendo o tempo todo: faça mais, produza mais, mostre mais.
Essa lógica, tão presente na subjetividade contemporânea, sustenta a ilusão de completude – a ideia de que é possível ser eficiente, produtivo e feliz o tempo todo.
Mas, na tentativa de responder a essa ordem, o sujeito se distancia de si mesmo e do que o move.
Cansaço, ansiedade e culpa aparecem como sinais de fracasso, quando, na verdade, revelam o esgotamento de um modo de vida que não suporta a falta.
A leitura psicanalítica do mal-estar contemporâneo
A psicanálise nos ajuda a ler esse mal-estar de outro modo.
Lacan nomeou de imperativo de gozo essa exigência de fazer sempre mais – uma ordem disfarçada de liberdade, que empurra o sujeito a ultrapassar seus próprios limites.
O gozo, aqui, não é prazer, mas repetição: um modo de satisfação que insiste, mesmo quando dói.
O sujeito é levado a repetir comportamentos que produzem sofrimento, acreditando estar em busca da liberdade, quando, na verdade, está aprisionado a uma exigência que nunca se satisfaz.
Quando o sujeito se afasta de si
Na clínica, essa lógica se manifesta de diferentes formas:
- o medo de parar
- a dificuldade de desejar
- e a sensação constante de não ser suficiente
O trabalho analítico propõe justamente o contrário: abrir espaço para o silêncio, para o desejo e para a palavra singular de cada um.
Trata-se de um movimento que vai na contramão do imperativo contemporâneo de estar sempre produzindo, sempre “melhorando”, sempre “performando”.
Cuidar da saúde emocional como ato de resistência
Cuidar da saúde emocional hoje é também um ato de resistência.
É permitir-se não corresponder o tempo todo, reconhecer os próprios limites e dar lugar à falta – condição essencial do desejo.
Nesse intervalo entre o “fazer” e o “ser”, é possível reencontrar algo de si: uma verdade que não se mede por resultados, mas se revela no tempo, no desejo e na palavra.
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